— "Por que ele está comendo t?o rápido? E por que parece t?o... apático?" — pensou Mira, voltando a aten??o para o café.
De repente, Kay levantou o prato vazio.
— Acabei! — exclamou ele, animado.
— N?o grita, idiota! — reclamou Mira, assustada pelo barulho repentino.
— Quero um doce! — disse ele, pegando os pratos e indo para a pia.
Mira virou o rosto, resmungando para si mesma:
— Quer doce... ficou na floresta até agora e ainda quer doce...
Kay se aproximou e a encarou com expectativa.
— N?o tem? — perguntou, aproximando o rosto.
— N?o me assusta assim, seu idiota! — gritou Mira, dando um tapa no bra?o dele.
— Nada de brigas! — gritou Rem da sala.
Mira bufou e cruzou os bra?os.
— Se quer doce, no meu quarto tem alguns. Mas pega só um, entendeu?
Kay sorriu.
— Obrigado! — disse, saindo apressado.
No quarto de Mira.
Kay abriu a gaveta e encontrou os doces que ela mencionara. Pegou e comeu um após o outro.
— "Por que nada tem gosto? Isso é estranho..." — disse ele, encarando o papel do doce em suas m?os.
Suspirando, ele deitou na cama dela, olhando para o teto.
— Minha língua deve estar dormente... é isso, n?o é? Amanh? deve voltar ao normal... — murmurou para si mesmo antes de fechar os olhos e adormecer.
Mira apareceu na porta da cozinha, segurando uma bandeja com a pipoca.
— Está pronto.
— Traz para a mam?e e a titia! — disse Rem, dando um sorriso descarado.
Mira revirou os olhos, murmurando enquanto se afastava:
— Já fiz, e agora ainda tenho que levar... está ficando velha, com certeza.
— Eu ouvi isso! — respondeu Rem, irritada.
— Tá bom, já estou indo! — rebateu Mira.
De repente, Kay surgiu na cozinha.
— Eu te ajudo.
Mira o olhou desconfiada.
— Por quê?
Kay n?o respondeu, apenas pegou a garrafa e as xícaras.
— Quatro xícaras? Você nem gosta de café!
— Só me deu vontade. — respondeu ele, saindo tranquilamente.
Mira suspirou, ainda irritada, mas acabou levando a pipoca para a sala.
— Obrigada! — disseram as duas mulheres, enquanto ela colocava a bandeja na mesa.
— De nada, tia. — respondeu Mira.
Kay serviu café para as mulheres e, surpreendendo Mira, também para ela.
— Está querendo alguma coisa, n?o é? — perguntou Mira, estreitando os olhos.
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— Eu n?o. — respondeu Kay, pegando sua própria xícara.
A m?e de Kay olhou para ele desconfiada.
— Desde quando você gosta de café?
Kay deu de ombros.
— Parecia mais cheiroso que o normal... fiquei curioso.
Rem e a m?e de Kay riram.
— Sei... — disse a m?e dele, ainda desconfiada.
Kay tomou um gole.
— Idiota! Está quente! — reclamou Mira, com o rosto franzido de preocupa??o
Kay permaneceu em silêncio. As três mulheres o encaravam, confusas, esperando uma rea??o. Sem hesitar, ele tomou mais um gole do café, ignorando completamente o calor. Ent?o, de repente, esvaziou a xícara de uma vez só.
— Está gostoso! — disse ele, com um sorriso genuíno e radiante.
Rem, observando a cena, n?o resistiu e provocou Mira:
— Que bom, né, filha?
— Eu n?o me importo! — rebateu Mira, desviando o olhar, mas em um movimento desajeitado, tomou um gole do próprio café e queimou a língua. — Está quente! — exclamou, fazendo uma careta.
Kay riu baixinho.
— Obrigado, Mira! — agradeceu ele, com sinceridade.
— N?o fiz para você! — retrucou Mira, tentando disfar?ar o rubor que tomava seu rosto.
— Já que está t?o bom, quer mais um pouco? — perguntou Rem, segurando a garrafa com um sorriso divertido.
— Sim, obrigado! — respondeu Kay, estendendo a xícara com anima??o.
Elas estavam assistindo ao filme, mas a aten??o das duas se voltava constantemente para Kay, que enchia mais uma xícara de café e a esvaziava com rapidez quase mecanica.
— Vai deixar um pouco pra nós? — exclamou a m?e de Kay, arqueando as sobrancelhas com indigna??o fingida.
— Desculpa! — respondeu Kay, entregando a garrafa com um sorriso travesso.
Rem n?o perdeu a oportunidade de provocá-lo.
— Parece que entrou para o clube dos amantes do café da Mira! — disse ela, rindo.
Mira corou imediatamente, sua express?o mudando de surpresa para embara?o.
— Do que você tá falando? — disse ela, cruzando os bra?os. — Se continuar com essas piadas, eu n?o fa?o mais café!
A m?e de Kay pegou a garrafa e deu uma sacudida, confirmando o inevitável.
— Está vazia! — anunciou ela, balan?ando a cabe?a.
— Ele bebeu tudo! Impressionante! — disse Rem, divertida, enquanto olhava para Kay.
Ambas se voltaram para ele, apenas para perceber que já estava dormindo no sofá, os bra?os cruzados e a cabe?a pendendo de lado.
— Deu nossa hora. Amanh?, eu vou caprichar no almo?o. Venham comer lá em casa! — disse a m?e de Kay, levantando-se e ajeitando o casaco.
— N?o quer terminar o filme? — perguntou Rem, fazendo uma careta de desapontamento.
— Ele fala dormindo. Só vai atrapalhar! — respondeu a m?e de Kay, enquanto colocava o garoto adormecido nas costas com uma habilidade que apenas m?es parecem ter.
— Outra hora, ent?o! — concordou Rem, dando de ombros.
— Sim! Obrigada pelo café, Mira! — agradeceu a m?e de Kay, com um sorriso caloroso.
— Por nada! — respondeu Mira, ainda envergonhada.
— Meu filho gostou mesmo. Faz anos que n?o vejo ele sorrir daquele jeito pra comida de casa! — comentou a m?e de Kay, com uma ponta de emo??o na voz.
Mira desviou o olhar, o rosto ainda mais vermelho. Rem, por sua vez, sorria de forma descarada, claramente se divertindo com a situa??o.
— Eu vou indo. Bom filme pra vocês! Até amanh?! — despediu-se a m?e de Kay, saindo com o garoto adormecido em suas costas.
— Até amanh?! Cuidado na volta! — responderam Mira e Rem em uníssono.
Assim que a porta se fechou, Rem se voltou para Mira com um olhar travesso.
— Você ouviu, né? Agora precisa caprichar ainda mais no seu café! — provocou Rem, com um sorriso largo.
— Eu n?o vou caprichar nada! — retrucou Mira, revirando os olhos. Levantou-se e come?ou a levar as xícaras e a garrafa vazia para a cozinha, visivelmente tentando encerrar a conversa.
(Cena no quarto do Kay, com áudio e vídeo no instituto e exército)
No quarto de Kay, a m?e o deitou cuidadosamente na cama, ajeitando os travesseiros ao redor de sua cabe?a.
— Você estava estranho hoje... Será que estava doente? — murmurou ela, olhando para o filho com uma express?o preocupada. Tocou sua testa com as costas da m?o.
— A temperatura está normal... — continuou, franzindo o cenho. — Ele estava t?o pálido, mas depois que comeu ficou bem. Ent?o, ele está saudável, certo?
Ela suspirou, visivelmente aliviada, mas ainda com resquícios de preocupa??o no olhar.
— Vou torcer para que acorde normal amanh?! — disse, enquanto puxava o cobertor, embrulhando-o com cuidado.
Com um último olhar para o filho adormecido, ela saiu do quarto, fechando a porta com delicadeza, deixando Kay sozinho no silêncio da noite.
— Esqueci de pegar uma marmita para ele! — disse a m?e de Kay, enquanto caminhava pelo corredor. — Ele que coma um lámen depois! — completou, dirigindo-se para a sala.
Ao anoitecer, o pai de Kay saiu do laboratório com o est?mago roncando de fome. Assim que abriu a porta, foi recebido pela esposa, que tampava o nariz com for?a.
— Você trouxe alguma arma de ghoul com você? Tá fedendo! — reclamou ela, afastando-se um pouco.
O pai de Kay, surpreso, come?ou a apalpar os bolsos do jaleco até sentir algo volumoso. Ele arregalou os olhos, virou-se e correu de volta ao laboratório. Lá, encontrou a pe?a de metal dentro do bolso e a colocou de volta na cápsula de onde havia saído.
— Foi naquela hora que eu esbarrei na mesa... Deve ter rolado até aqui. — murmurou ele, pensativo, enquanto voltava para a sala.
Já no quarto, a m?e de Kay abriu a janela para o cheiro sair e foi verificar o filho, que ainda dormia profundamente.
— Desculpa por isso, n?o foi de propósito... — disse o pai, entrando no quarto com o semblante culpado.
— Eu sei, mas toma mais cuidado! — respondeu ela, lan?ando um olhar sério.
— Tá bom... — disse ele, desanimado, antes de olhar para o filho.
— Ele dormiu cedo. Nem é sete horas ainda! — comentou ele.
— Ele foi dormir às duas da tarde. Comeu um bicho estragado e passou mal. Deixa ele descansar. — explicou a m?e de Kay, enquanto ajeitava os len?óis do garoto.
— O que tem para o jantar? — perguntou o pai, mudando de assunto.
— Eu n?o ia fazer nada, mas como é você, fiz um pouco. — respondeu ela, meio resignada.
— Te amo! — disse ele, com um sorriso, beijando-a rapidamente.
— Também te amo, mas agora vai comer! Você nem almo?ou hoje. — retrucou ela, empurrando-o para fora do quarto.
Alguns minutos depois.
Kay come?ou a descer as escadas, o rosto pálido e com o olhar distante.
— Acordou! Tá com fome? — perguntou o pai, entre uma garfada e outra.
Kay n?o respondeu e continuou andando em silêncio.
— Seu pai falou com você, Kay. Quer comer? — insistiu a m?e, preocupada.
Sem dizer nada, Kay abriu a porta da sala e saiu para a rua, descal?o.
— Fase rebelde? — brincou o pai, erguendo uma sobrancelha.
— Ele saiu sem chinelo! — exclamou a m?e, correndo atrás do garoto.
— é com isso que você tá preocupada? — perguntou o pai, já se levantando da mesa.
Kay caminhava pelo meio da rua, os pés descal?os tocando o asfalto frio.
— Volta pra dentro, Kay! Pega um chinelo, pelo menos! — pediu a m?e, sem esconder a preocupa??o.
Ele n?o respondeu, continuou atravessando a rua em dire??o à floresta.
— Ele tá indo pra floresta! — exclamou a m?e, pegando um par de chinelos e correndo atrás.
Sem hesitar, o pai largou a comida na mesa e seguiu os dois.
Kay já estava dentro da floresta. A m?e ofegava, tentando acompanhá-lo, enquanto o pai a alcan?ava com facilidade.
— O que esse garoto tá pensando? — murmurou o pai, acelerando os passos.
— Ele nem tá correndo... Como consegue ser t?o rápido? — questionou a m?e, já sem f?lego.
— Eu vou buscá-lo! Espera em casa! — disse o pai, passando por ela e correndo mais rápido.
— Cuidado! — gritou a m?e, ficando para trás.
De repente, o som de árvores sendo derrubadas ecoou pela floresta, como se algo gigante tivesse caído do céu.
— O que foi isso? — exclamou o pai, parando abruptamente.
— Filho! — gritou a m?e, desesperada.
— Kay! — chamou o pai, avan?ando na dire??o do som.
Quando chegaram, viram Kay parado frente a frente com um ghoul enorme. A criatura era disforme, com tentáculos se movendo de maneira amea?adora. Kay estendia a m?o na dire??o do ghoul, que o observava fixamente.
— Amor, o Kay tá com cheiro de ghoul! — disse a m?e, a voz trêmula de preocupa??o.
— Do que você tá falando? Ele tá com alguma pe?a? — perguntou o pai, alarmado.
— N?o! é outro cheiro... — respondeu ela, confusa.
O ghoul come?ou a reagir, estendendo um de seus tentáculos em dire??o ao garoto. Antes que pudesse atacá-lo, o pai de Kay correu e o puxou para longe.
— Tinha que ser um ghoul com tentáculos... — murmurou o pai de Kay, apertando os punhos. — Fuja daqui com o Kay! Estou sem armas e sem o traje. Traga-os para mim! Eu vou chamar a aten??o desse bicho e ganhar tempo!
— Toma cuidado! — respondeu a m?e de Kay, a voz carregada de preocupa??o. Ela pegou o filho no colo e come?ou a correr pela floresta, ofegante, enquanto olhava por cima do ombro.
Sem hesitar, o pai de Kay correu para o lado oposto, gritando para atrair a aten??o da criatura.