— "O ghoul usado na arma... era um general?" — pensou Mira, seu rosto pálido, enquanto a voz vacilante escapava de seus lábios:
— O ghoul usado na arma... era um general?
— Iniciando análises. — A voz robótica de Lavel cortou o ar como uma lamina fria. — Quinze pontos cegos encontrados nas cameras de seguran?a. Três sugest?es de seguran?a identificadas. Avaliando cenários baseados nos dados atuais... Probabilidade de derrota completa: 80%. Probabilidade de prolongar a derrota: 15%. Probabilidade de vitória: 5%.
— Que números s?o esses?! — exclamou Mira, incrédula.
O monitor explodiu em imagens de ghouls enfrentando soldados, cada quadro mais sombrio que o anterior.
— Que divis?o é essa? — perguntou Rem, sua voz tomada por urgência.
— Quinta Divis?o! — respondeu Lavel. — Atualmente em combate contra dois generais e seus exércitos.
— Dois generais ao mesmo tempo?! E sem o capit?o deles?! — Emilia arregalou os olhos, preocupada.
Nas grava??es, os generais avan?avam contra os soldados da Quinta Divis?o. Suas vozes, poderosas e aterradoras, soaram ao mesmo tempo, como se fossem um só:
— Larguem suas armas e submetam-se a nós. Pouparemos suas vidas!
Os soldados, resolutos, ergueram as armas em resposta.
— Devorem todos! — gritaram os generais, seus exércitos avan?ando como uma onda de destrui??o.
De repente, Lavel interrompeu as imagens.
— Cenário confirmado. Probabilidade de derrota completa para a Quinta Divis?o: 100%. Se a divis?o cair, o reino será tomado.
— N?o podemos confiar tanto nesses cálculos! — rebateu Mira, irritada.
— As probabilidades s?o baseadas nos registros de combate de cada soldado. — Lavel projetou uma nova imagem. — O ghoul presente naquela regi?o é o mesmo que matou o capit?o deles.
A tela mudou novamente, mostrando os ghouls sobrevoando a base.
— Chance de vitória: 95%. Deseja liberar as armas? — questionou Lavel, enquanto o mini-ghoul, como uma sentinela, observava tudo de cima do caminh?o.
Um ghoul maior rugiu, atraindo a aten??o.
— Humanos! Foram vocês que mataram esses ghouls?!
Himitsu deu um passo à frente, encarando-o.
— Sim, fui eu.
— Como ousa?! — bradou o ghoul.
Himitsu n?o recuou.
— Seu monarca prometeu que n?o interferiria com nossa base. No entanto, esses ghouls vieram para devorar humanos. Ent?o, eu os matei. Isso foi por ordem ou você está insinuando que seu monarca n?o consegue nem controlar seus subordinados?
O ghoul hesitou, sua fúria momentaneamente contida.
— A sorte de vocês acaba quando o monarca perder o interesse. — Ele e os outros ghouls recuaram, retomando suas posi??es.
— Idiota! — Lena se aproximou de Himitsu. — Seu ferimento vai abrir! Você precisa descansar. N?o fa?a loucuras!
— Estou bem. — Himitsu afastou-se, teimoso.
De volta à sala dos cientistas, Lavel anunciou:
— Vou mostrar o momento exato em que tudo mudou.
A grava??o antiga come?ou. Na tela, o pai de Kay trabalhava com a m?e dele na constru??o de uma nova arma.
— Já faz dois meses que ele n?o constrói outra arma. O que houve com ele? — perguntou o pai de Kay, frustrado.
— Eu falei que esse negócio fede. Tivemos que criar essa cápsula só para isolar o cheiro! — respondeu a m?e de Kay.
This novel is published on a different platform. Support the original author by finding the official source.
— Tudo bem, mas por que ele n?o está mais ficando em casa? O cheiro está isolado!
A m?e de Kay sorriu, enigmática.
— Desde aquele dia, por algum motivo, ele tem ido muito à casa da Rem.
O pai arregalou os olhos.
— Será que é aquilo?
— Só pode ser aquilo! — confirmou a m?e, séria.
Ent?o, ambos exclamaram em uníssono:
— Ele está apaixonado pela Mira!
— Pois é! — riu o pai. — Ele nunca sairia de casa tantas vezes sem reclamar!
— E de repente come?ou a se dar bem com a Mira. Eles ainda discutem, mas agora é aquela briguinha de casal apaixonado!
— Já fizemos a mistura. Vai lá dar apoio emocional para eles! — sugeriu o pai de Kay.
— Boa ideia. Volto à noite! — respondeu a m?e, animada, antes de sair.
— Fa?a isso dar certo. A pequena Mira é uma boa pessoa.
— Pode deixar comigo! — respondeu a m?e de Kay, confiante.
O vídeo mudou novamente. Agora, a m?e de Kay estava na porta da casa de Rem.
— "N?o deve ter problema gravar isso para mostrar ao meu marido, né? Qualquer coisa, eu apago." — murmurou, ligando uma pequena camera escondida em sua pulseira.
Ela tocou a campainha. Rem atendeu quase instantaneamente.
— Sentiu o faro? — perguntou Rem.
— Senti! — respondeu a m?e de Kay.
— Entre! — convidou Rem, abrindo passagem.
— Obrigada por me receber! — disse a m?e de Kay, entrando na casa com um sorriso caloroso.
— Eles est?o lá em cima? — perguntou a m?e de Kay, curiosa.
— Sim, est?o jogando joguinhos. Pensei em chamar a Mira para fazer café, mas é melhor deixá-los se divertir um pouco. — respondeu Rem, rindo.
A m?e de Kay deixou uma cesta com doces e outras guloseimas sobre a mesa da sala. Por um instante, as duas trocaram um olhar cúmplice e, como duas crian?as planejando uma travessura, come?aram a andar na ponta dos pés até a porta do quarto de Mira. Lá, ficaram quietas, escutando a conversa animada do lado de dentro.
— Ganhei de novo! — exclamou Kay, com um tom de provoca??o.
— O controle tava ruim! O controle tava ruim! Você tá com o melhor, troca comigo dessa vez! — reclamou Mira, irritada e ao mesmo tempo eufórica.
— Desculpa de perdedora. Os controles est?o em perfeitas condi??es! — respondeu Kay, com um ar de superioridade.
— Eu n?o quero mais jogar também! — disparou Mira, irritada, provavelmente cruzando os bra?os.
Rem e a m?e de Kay recuaram silenciosamente, segurando o riso enquanto sussurravam entre si. Mas antes que pudessem se afastar muito, a porta do quarto se abriu bruscamente, e Mira apareceu com uma express?o de falsa indigna??o.
— Estávamos indo chamar vocês agora. Olha quem veio nos visitar! — disse Rem, apontando para a m?e de Kay.
— Espero que meu filho n?o esteja dando trabalho para vocês! — disse a m?e de Kay, com um sorriso amistoso.
— Tia! Ele tá jogando, ent?o a boca dele se mantém fechada. N?o tá dando trabalho nenhum! — respondeu Mira, com um tom levemente sarcástico.
— Fico feliz em ouvir que est?o se dando bem! — disse a m?e de Kay, sincera.
— N?o é assim também! Eu só fiz companhia porque o jogo era de duas pessoas! — rebateu Mira, tentando disfar?ar o fato de que estava gostando da presen?a de Kay.
A m?e de Kay sorriu de canto, percebendo a dinamica entre os dois.
— Sua m?e trouxe alguns docinhos. Vai lá fazer um café para a gente! — pediu Rem, lan?ando um olhar intencional para Mira.
— Por que eu? — protestou Mira, cruzando os bra?os.
— Porque o seu café é melhor que o nosso. Faz esse favor, vai. Ela também trouxe aqueles docinhos que você adora. — disse Rem, com um tom de voz que misturava carinho e chantagem.
— Isso é chantagem! — reclamou Mira, revirando os olhos antes de se afastar em dire??o à cozinha.
Rem e a m?e de Kay trocaram um sorriso conspiratório e, em seguida, entraram no quarto de Mira, onde Kay ainda estava sentado na cama com o controle na m?o, confuso com a movimenta??o.
— Por que n?o entraram antes? — perguntou Kay, franzindo o cenho.
— Percebeu? Esse é meu filho! — disse a m?e dele, com orgulho na voz.
Kay se levantou da cama, deixando o controle de lado.
— Ela ficou com raiva porque n?o ganhou nenhuma vez! — disse Kay, com um sorriso satisfeito.
— Isso mesmo, garoto! Se pegar leve, aí é que ela vai ficar brava de verdade! — disse Rem, incentivando.
— Pegar leve? Eu n?o faria isso só porque a Mira é ruim! — respondeu Kay, com uma express?o convencida.
A m?e de Kay arqueou as sobrancelhas e cruzou os bra?os.
— Entendo... Está se achando, n?o é?
Alguns minutos depois, um som de passos apressados e vozes ecoava pelo andar de cima, captado apenas pelo celular de Mira.
— Que barulheira é essa lá em cima?! — disse Mira, da cozinha. — O café está pronto! — completou, gritou mira, chamando-os com impaciência.
A conversa entre as vozes do andar de cima continuava, abafada, mas cheia de gritos.
— Vou só levar a garrafa e os doces lá para cima! — disse Mira, irritada, subindo as escadas com passos firmes.
A cena mudou. Agora, com a imagem ativa, Rem estava jogando contra Kay.
— Esse garoto irritante... Me deixa ganhar uma vez, pelo menos! — reclamou Rem, frustrada, apertando o controle com for?a.
Kay riu de canto, sem tirar os olhos da tela.
— N?o é minha culpa se você é ruim. — provocou ele, com um sorriso debochado.
Rem bufou, largando o controle na cama.
— Toma, sua vez! Mostra para ele como se faz! — disse Rem, entregando o controle para a m?e de Kay.
A m?e de Kay pegou o controle com determina??o, o olhar fixo na tela como quem n?o aceita derrota.
— O que vocês est?o fazendo? — perguntou Mira, surgindo na porta com um tom de desdém.
— Jogando, obviamente. — respondeu Rem, sem sequer olhar para trás.
— Eu trouxe o café e os doces. — disse Mira, colocando a bandeja sobre a mesa.
— Obrigada! — agradeceu Rem, piscando para ela.
Kay e a m?e dele estavam t?o concentrados no jogo que nem perceberam a chegada da comida.
— Game Over! — apareceu na tela, enquanto o personagem da m?e de Kay era derrotado.
— Perdi de novo! — exclamou ela, largando o controle com frustra??o.
— Talvez na próxima. — respondeu Kay, com um sorriso de vitória estampado no rosto.
Mira cruzou os bra?os, encarando-o com irrita??o.
— Por que você n?o zoou ela como fez comigo? — perguntou Mira, com a voz carregada de indigna??o.
— Porque você é pior! — respondeu Kay, sem hesitar.
— Maldito! — gritou Mira, cerrando os punhos.
As m?es deles trocaram olhares e sorriram, claramente se divertindo com a intera??o.
— O que foi? — perguntou Mira, desconfortável ao notar os sorrisos.
— O café da Mira... Eu vou poder provar de novo! Estou t?o feliz! — disse a m?e de Kay, animada, quase como uma crian?a que ganhou um presente inesperado.
— é só um café. N?o tem nada de especial. — respondeu Mira, desviando o olhar.
— Nem comenta nada, Kay. — disse a m?e dele, em tom de brincadeira.
— Eu nem ia. — respondeu Kay, fingindo inocência.
De repente, a tela mudou. A imagem do jogo foi substituída por uma vis?o da floresta.
— Ué? — exclamou Rem, confusa. — Por que n?o continuou? Estava interessante!
— Olhem para isso. — disse Lavel, apontando para a tela.
— Estamos olhando. é só um coelho, o que tem demais? — perguntou Rem, franzindo a testa.
— Jogamos com os dois um dia antes de ela morrer... Esse coelho é o que o Kay ca?ou naquele dia. — disse Mira, com a voz carregada de lembran?as.
— é verdade. Foi exatamente isso que aconteceu. — confirmou Rem, pensativa.
— Prestem aten??o na tela. — disse Lavel, aumentando o tom de seriedade.
Na imagem, o coelho estava parado na floresta, encarando o pé de uma árvore. Lavel deu zoom, revelando algo pequeno e pulsante no ch?o, próximo ao animal.
— O que é isso? Uma minhoca? — perguntou Mira, inclinando-se para enxergar melhor.
— Uma lombriga? — sugeriu Fernanda, franzindo o rosto em nojo.
— Um parasita. — afirmou Emília, categórica.
— Um ponto para a Emília. Esse ser na frente do coelho é um parasita que nunca foi visto antes. — informou Lavel, com um tom grave.
— Um parasita desconhecido? E o que tem ele? — perguntou Aiko, curiosa.
— N?o diga que o coelho vai comer isso... — disse Mira, com um tom preocupado.
No vídeo, o coelho abaixou a cabe?a, comeu o parasita e continuou andando pela floresta. A grava??o foi acelerada, focando no trajeto do coelho pela vegeta??o. O dia amanheceu na grava??o, e o coelho agora parecia diferente: seus pulos eram mais lentos e ele andava, preferencialmente, pelos arbustos.
— Ele parece estranho. — comentou Emília, observando atentamente.
— O modo como ele se move mudou, e os olhos... est?o sem vida. — disse Fernanda, analisando.
— Boa observa??o. Vou avan?ar um pouco o vídeo e colocar outra imagem ao lado. — disse Lavel, ajustando as telas.
A grava??o continuou. Algumas horas depois, o coelho ainda pulava pelos arbustos. Na outra imagem, Mira aparecia na frente da casa de Kay, conversando com a m?e dele. Kay passou correndo dentro da casa, com um arco e flecha nas costas.
— Para de correr dentro de casa! — gritou a m?e de Kay, sem sequer virar o rosto.
Kay cal?ou os sapatos apressadamente e saiu pela porta da frente.